9/26/2012

Fernando Pessoa - documentário (Grandes Portugueses)



 “Fernando Pessoa é uma das personalidades mais complexas e representativas da literatura europeia do século XX. É como ensaísta que primeiro se revela, ao publicar, em 1922, na revista A Águia uma série de artigos sobre “A Nova Poesia Portuguesa”. Afastando-se do grupo saudosista, (…) vai ser um dos introdutores do Modernismo em Portugal. O ano de 1914 fica, na biografia interior do poeta, como um ano decisivo, pelo aparecimento dos heterónimos.” 
 Dicionário de Literatura, J. Prado Coelho, Porto, Liv. Figueirinhas 

Fernando Pessoa (ortónimo); 
Alberto Caeiro (heterónimo); 
Ricardo Reis (heterónimo); 
Álvaro de Campos (heterónimo)

Manifesto Anti-Dantas

9/12/2012

Primeiro Modernismo

Contextos políticos, sociais e culturais do(s) Modernismo(s)

- Entre 1885 e 1930 surgiram “quase todas a invenções que iriam moldar a civilização industrial da segunda metade do século XX”: o telégrafo, o automóvel, a lâmpada elétrica, o telefone, a fotografia, a máquina de escrever e a de costura, o cinema, o avião.
- “Nesta época o tráfico automóvel encheu as grandes cidades, milhões de camponeses deixaram os campos rumo à América (25 milhões de europeus chegaram aos Estados Unidos entre 1875 e 1900), as mulheres das classes médias começaram a trabalhar fora de casa e a estudar em liceus e universidades. O sufrágio universal, nalguns casos abrangendo já a população feminina, convertia-se definitivamente na base dos governos. Escritores e pintores declaram ruidosamente o seu desprezo pelas seculares regras de gramática e da perspetiva e produziram novelas sem intriga e quadros que nada pareciam representar. A servir de cenário para tanta irreverência estava a desarrumação social provocada por um século de crescimento populacional e económico.” (José Mattoso, História de Portugal, Círculo de Leitores, 1994)
- Vivia-se um clima de euforia e de otimismo que se manifestou na literatura e nas artes, sob a forma de canto da energia, da força, do Homem, de todas as manifestações  de vida, presente na poesia Walt Whitman, poeta norte americano ou de Marinetti e outros futuristas; também na vida quotidiana se assistia a uma enorme alegria de viver, patente no luxo, na boémia parisiense, - a belle époque – na realização da Grande Exposition Universelle de Paris (1889). O ferro e o aço – e mais tarde o cimento armado – tornam-se materiais d uma nova arquitetura, simbolizada na Torre Eiffel e no “modern style” ou “arte nova”.
- Também no comércio se pensava em grande – surgem as primeiras “grandes superfícies” (Grands Magasins, Printemps, Grandela, Chiado...), a agricultura desenvolvia-se (progresso das máquinas e incrementos das indústrias químicas dos adubos). Outros setores entravam em franca expansão, por exemplo, o da Banca.
- A par destes fatores geradores de euforia, graves problemas surgiam:
  • Crises cíclicas de superprodução (1888, 1896, 1900, 1913, 1917, 1922), geradoras de miséria social, crises de habitação (ligadas à diminuição da mortalidade, graças aos progressos da medicina e da higiene), grandes movimentos migratórios (sobretudo para os EUA, Canadá; Austrália, Brasil...)
  • Movimentos sociais que levaram, ora à Revolução (Rússia, 1917), ora ao desenvolvimento de sentimentos nacionalistas e xenófobos (que levariam a diversos fascismos e a duas Guerras Mundiais).
- Em Portugal o sentimento de decadência agudizou-se a partir de 1870, dele tendo nós ecos sobejos nas obras de Eça de Queirós, Antero de Quental, Cesário Verde e outros – daí o decadentismo inerente às correntes finisseculares do Neo-garretismo, do Simbolismo ou do Saudosismo, presentes na poesia, na prosa narrativa e no teatro. Do ponto de vista político, assistiu-se ao desenvolvimento do sindicalismo e da ideia republicana (vitoriosa em 1910). Os tempos da 1ª República foram difíceis, com sucessivas crises financeiras e políticas. A emigração em massa para o Brasil, EUA e, em especial para as colónias, a instabilidade política, a participação na Primeira Guerra Mundial aumentaram esse clima de pessimismo e de miséria. Por isso, alguns dos nossos melhores espíritos acolheram com bons olhos a tentativa ditatorial de Sidónio Pais e, em 1926, a Ditadura militar e o regime do Estado Novo (António Pessoa, por exemplo, só posteriormente se distanciou do regime salazarista.)
Crise de consciência, crise da Razão
- Tais fatores contraditórios acompanharam um pôr em questão de toda uma série de pressupostos filosóficos de base cartesiana e positivista. Para tal muito contribuíam Freud (“pai” da psicanálise)   e Einstein (teoria de relatividade).
 Esta crise do pensamento racional gerou um reforço de atitudes filosóficas de pessimismo (Hartmann, Shopenhauer) e de decadentismo, marcadas por um clima de ceticismo em relação à Razão, à Moral e à própria Ciência... Desenvolveram-se as Ciências Humanas (Antropologia, Psicologia, Sociologia...) e, na Literatura e nas Artes, deu-se largas a conceitos anti tradicionais, propondo-se caminhos estéticos novos, definitivamente afastados dos pressupostos aristotélicos, naquilo que podemos designar por Modernismo (s).
Amélia Pinto Pais, História da Literatura em Portugal, Areal Editores (texto adaptado.)